O ministro não garantiu, também, que a meta de superávit primário do setor público neste ano, de R$ 99 bilhões, ou 1,9% do PIB, será atingida. No mercado financeiro, a descrença é geral na obtenção do objetivo fiscal de 2014. "Estamos fazendo um esforço. É difícil. Mais difícil do que no ano passado. Porém, temos de esperar para ver. Estamos fazendo o esforço máximo, mas sem abrir mão de investimentos. O investimento do governo vai atingir o seu maior patamar em 2014. A gente vai trabalhar para fazer o melhor primário possível", afirmou ele.
Dólar pressionado Sobre o dólar, que registrou em setembro a maior alta em três anos, fechando o mês passado em R$ 2,44, Mantega declarou que a pressão acontece por conta da retirada dos estímulos na economia norte-americana e disse que não há teto para a cotação do dólar, pois o câmbio, segundo ele, é flutuante. "Não trabalhamos com teto nem com piso", disse.
De acordo com o ministro, haverá uma elevação do juro básico americano em 2015, e os mercados já estão antecipando essa alta. "Isso está sendo anunciado e o mercado já se movimenta, antecipa essa situação. O dólar se valorizou em relação a todas as moedas do mundo. É normal. No Brasil, como temos um mercado futuro mais líquido, aqui o dólar se movimenta mais do que outros mercados. No mercado de derivativos, é fácil fazer uma aposta na valorização do dólar. Em outros países, não é possível, tem de trabalhar no spot [mercado a vista]", declarou ele.
O ministro da Fazenda afastou a possibilidade de o governo retirar o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) no mercado de derivativos, instituído em 2011, e declarou que também não pensa em reduzir o tributo para empréstimos buscados no exterior com prazo inferior a seis meses – duas medidas que, teoricamente, poderiam tirar um pouco a pressão de alta do dólar. "Não há previsão de tirar esse IOF [empréstimos externos] também em função da arrecadação. Ia ter uma perda de arrecadação que, neste momento, não é possível. Mas, no futuro, isso será possível", acrescentou. Taxa de juros e inflação
Sobre a definição da taxa básica de juros para conter as pressões inflacionárias, tarefa que cabe ao Banco Central, o ministro da Fazenda se disse a favor do "gradualismo", ou seja, sem choques, que são altas fortes da taxa básica da economia. "Defendo o gradualismo porque eu vi algumas propostas preocupantes de levar a inflação para o centro da meta rapidamente. Como faz isso? Chutando o juro lá para cima como era no passado. Voltando juro real [após o abatimento da inflação prevista para os próximos doze meses] de 15% ao ano. Isso significa [juro] nominal de 25%, 20% ao ano. Acho que isso seria muito ruim para a economia. Sou a favor do gradualismo, mas elevamos juros quando foi necessário", disse ele, acrescentando que, em sua visão, o juro básico já subiu. "Agora não precisa subir porque já está alto", opinou. Mantega disse ainda que a inflação ficou "sob controle" nos últimos anos, embora tenha oscilado ao redor de 6% – distante, portanto, da meta central de 4,5% estipulada pelo governo federal.
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"A seca pressionou [a inflação]. Estamos com seca há dois ou três anos. Não deveremos ter no próximo ano. Não é possível que se repita esse fenômeno", disse. Segundo ele, as chamadas "commodities" (produtos básicos com cotação internacional, como minério de ferro, alimentos e petróleo) estão caindo e isso deve ter impacto nos preços no futuro.
"A regra é que tem de buscar o centro da meta [de 4,5%], desde que não tenha choque de oferta, como aconteceu no mercado internacional, que eleva os preços. Tivemos uma pressão da seca que levou a um aumento do preço da energia elétrica de 0,4 ponto percentual a mais no IPCA. Nos Estados Unidos, eles tiram energia e alimentos para calcular a inflação. Se tirarmos energia e alimentos aqui, a inflação iria estar no centro da meta [de 4,5%]", disse Mantega.
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BORGES NETO LUCENA INFORMA
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