O advogado Carlos Alberto Costa confirmou que houve desvio de recursos do fundo de pensão da Petrobras, o Petros, para pagamento de propina, bem como o envolvimento do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto nas operações. O presidente da Comissão, deputado Efraim Filho (DEM-PB), acredita que as informações de Costa demonstram o elo entre as irregularidades nos fundos de pensão e a influência política.
Costa é um dos delatores da Operação Lava Jato e prestou depoimento à CPI dos Fundos de Pensão nesta terça-feira.
Segundo Costa, a empresa CSA Project Finance, na qual trabalhava, captou R$ 13 milhões do Petros para investimento em Cédulas de Crédito Bancário em troca de pagamento de propina a diretores do fundo.
Costa também afirmou que Vaccari participou de reuniões na CSA para tratar das operações com um dos donos da empresa, o empresário Cláudio Mente. A avaliação dos deputados da CPI é a de que este foi o depoimento mais importante até agora. Para Efraim, o tráfico de influência e o aparelhamento das instituições acontecia.
"Um investimento de 13 milhões (de reais) da Petros que deu uma propina de 3 milhões de reais de retorno, dos quais 500 mil (reais) foram para um diretor da Petros. Isso aí é um elemento fortíssimo, talvez o mais forte que tivemos até agora em toda Comissão, de que o tráfico de influência e o aparelhamento das instituições realmente acontecia. Era o senhor João Vaccari Neto dentro de uma empresa que reconhecidamente e confessadamente fez e operou fraudes junto ao Petros dando um prejuízo num negócio de R$ 13 milhões", destacou.
Costa também acusou Youssef de tentar vender R$ 50 milhões em debêntures da empresa de turismo Marsans, de propriedade do doleiro, aos fundos de pensão da Caixa Econômica, o Funcef, e dos Correios, o Postalis. O negócio, no entanto, não se concretizou devido à operação Lava Jato e à prisão de Youssef. O doleiro confirmou que os quatro fundos federais investigados pela CPI - Petros, Funcef, Postalis e Previ - não participaram da operação, mas que fundos municipais e estaduais tiveram prejuízos após a falência da empresa.
O relator da CPI, deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), saiu decepcionado do depoimento de Youssef.
"Pra mim, ele ia falar alguma coisa que interessasse à CPI, porque nós temos notícias veiculadas em vários veículos de imprensa do Brasil do envolvimento dele com João Vaccari Neto, com os fundos de pensão, com operações com números, inclusive, isso já veiculado há algum tempo, de repente ele vem aqui e nos pareceu o paladino da moralidade, alguém que diz que inclusive teve prejuízo".
Sérgio Souza não descarta indiciar em seu relatório final nomes da política, de partidos e empresários ligados a operações financeiras fraudulentas com recursos dos fundos de pensão.
AGENCIA CAMARA
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