Assentados comercializam alimentos orgânicos no Campus do IFPB em João Pessoa

Todas as terças-feiras, há quase dois anos, moradores do bairro de Jaguaribe, em João Pessoa, e professores e alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB) podem comprar hortifrutigranjeiros agroecológicos diretamente dos produtores. A comercialização dos produtos é feita em seis banquinhas instaladas na entrada do prédio do Instituto por agricultores dos assentamentos Rainha dos Anjos, Padre Gino e Santa Helena, localizados no município de Sapé, e Dona Helena, em Cruz do Espírito Santo, na Região Metropolitana de João Pessoa.

Os assentados são ligados à Associação Agroecológica dos Agricultores e Agricultoras da Várzea Paraibana (Ecovárzea), entidade que congrega agricultores de sete municípios do Estado e que mantém outras feiras em João Pessoa, como a que é realizada às sextas-feiras, desde 2002, no Campus central da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).


Renda certa

A maior parte da renda da família de Juliana Faustino, 26 anos, e de Everaldo Nunes, 39 anos, do Assentamento Santa Helena, em Sapé, a cerca de 55 quilômetros de João Pessoa, vem da venda de alimentos e plantas medicinais na feira do IFPB. Eles vendem cerca de R$ 400 a R$ 500 por semana em produtos como macaxeira, batata-doce, batata-cenoura, jabuticaba, mamão, maracujá, limão, ovos caipiras e folhas, cascas e raízes de plantas como sucupira, eucalipto, urtiga branca, jucá, mucuna, cajueiro roxo e jurubeba.

“Estou montando uma horta de ervas medicinais”, disse Everaldo Nunes, acrescentando que também costuma percorrer regiões de mata nativa em busca das plantas medicinais com que prepara “garrafadas” e óleos da medicina natural.

Quem quer fazer um lanche rápido no intervalo entre as aulas do IFPB encontra tapioca, bolos e sucos variados, e ainda um “pão de queijo” feito com macaxeira e queijo coalho, na barraca mantida por agricultoras do Assentamento Padre Gino, também localizado em Sapé.

Nas outras barracas, a variedade de produtos enche os olhos e as sacolas de compradores de todas as idades. Há mel de abelha, inhame, jerimum, couve, rabanete, cenoura, beterraba, alfaces de várias espécies, rúcula, pimentão, tomate, chicória, nabo, feijão-verde debulhado na hora, além de frutas como jaca, graviola, caju, abacaxi, abacate, pitanga, manga e coco-verde. 


Qualidade atrai consumidores

A socióloga Amélia Guedes, 55 anos, moradora do bairro Jardim 13 de Maio, descobriu a feira do IFPB há cerca de um ano. Ela também é frequentadora da feira da UFPB e de outras feiras realizadas por assentados da reforma agrária em João Pessoa, onde costuma comprar macaxeira, inhame, hortaliças e frutas. “Gosto de me alimentar de forma saudável e a qualidade dos produtos comercializados nessas feiras é muito boa. Os alfaces e coentros, por exemplo, duram muito na geladeira”, afirmou Amélia.

Silvana Queiroga é arquiteta, professora do curso de Design de Interiores do IFPB e compradora assídua da feira agroecológica. “Procuro mais saúde e menos agrotóxicos. E comprando aqui na feirinha ainda podemos ajudar as comunidades a continuar produzindo alimentos saudáveis”, disse.


Saúde para a comunidade

A ideia de levar uma feira agroecológica para o IFPB surgiu a partir de um projeto voltado para a promoção da saúde dos alunos e professores que contou com a participação do nutricionista Paulo Roberto Santos, da Coordenação de Alimentação e Nutrição Escolar (Canutre) do Campus de João Pessoa, e com o apoio da Direção do instituto.

Após conhecerem o trabalho da Ecovárzea na feira promovida na UFPB, o nutricionista, o diretor-geral e o prefeito do Campus do IFPB em João Pessoa visitaram o Assentamento Padre Gino, em Sapé, onde percorreram as hortas e receberam informações sobre o processo de produção agroecológica realizado pelos assentados.

O projeto recebeu o slogan “Comida do Campo no Campus” e começou com a instalação de barracas no pátio do instituto. Para atrair consumidores de fora da comunidade acadêmica, as barracas foram realocadas para uma das entradas do Campus. “São alimentos de qualidade, produzidos sem agrotóxicos. Queremos que este trabalho dê certo e que continue oferecendo saúde para professores e alunos e para as comunidades vizinhas”, afirmou Paulo Roberto Santos. 
Assessoria 


BORGES NETO LUCENA INFORMA