Na França, coletes amarelos são acusados de antissemitismo


No 14º final de semana seguido de manifestações dos coletes amarelos na capital francesa, ofensas consideradas antissemitas chamaram atenção. O presidente do país, Emmanuel Macron, condenou ataques verbais feitos a um proeminente intelectual judeu francês, o filósofo Alain Finkielkraut, no último sábado, dia 16.
A polícia interveio para formar uma barreira depois que um grupo de indivíduos envolvidos no protesto confrontou o filósofo e começou a insultá-lo verbalmente. O acadêmico judeu de 69 anos disse ao jornal "Le Parisien" que ouviu pessoas o chamando, aos berros, de "sujo sionista" e ouviu gritos como "jogue-se no canal".
O presidente Macron disse que este episódio foi uma "negação absoluta" do que fez a França grande e que isso não seria tolerado.
Alain Finkielkraut disse ao "Journal du Dimanche" que sentiu um "ódio absoluto" dirigido a ele, e teria tido medo em relação à sua segurança se a polícia não estivesse lá, embora tenha enfatizado que nem todos os manifestantes foram agressivos.
Filho de imigrantes poloneses, Finkielkraut já expressou simpatia pelos manifestantes, mas também criticou o movimento. Ele disse que o presidente Macron havia falado com ele por telefone no próprio sábado, depois do ocorrido, para oferecer seu apoio.

Pichações de suásticas

O episódio ocorre pouco depois de o ministro do Interior da França alertar que o antissemitismo está "se espalhando como veneno" no país, com uma série de incidentes similares registrados no centro de Paris no final de semana passado.
No último 9 de fevereiro, caixas de correio com o retrato de um sobrevivente do holocausto foram vandalizadas com suásticas, por exemplo.
Grupos judaicos também têm alertado para o crescimento do antissemitismo e do ódio contra outras minorias em toda a Europa, promovidos pelo crescimento da extrema-direita.
Dados oficiais da Alemanha, divulgados na semana passada, revelam que as infrações de caráter antissemita aumentaram 10% no último ano — incluindo um aumento de 60% no que diz respeito a ataques físicos.

Mais de 40 mil nas ruas

Os protestos dos coletes amarelos começaram em meados de novembro devido à alta nos impostos sobre combustíveis. Desde então, eles se ampliaram em uma revolta contra o presidente Macron e uma classe política vista como fora de contato com as pessoas comuns.
Os protestos muitas vezes se tornaram violentos, causando danos a alguns dos monumentos mais famosos de Paris. Os críticos também acusam a polícia de usar força desproporcional.
O número de manifestantes que vão às ruas francesas tem diminuído gradualmente, mas dezenas de milhares de pessoas ainda se apresentam semanalmente para se manifestar em toda a França.
O Ministério do Interior da França disse que um total de 41.500 pessoas participaram de protestos em todo o país no sábado, dia 16, incluindo cerca de 5 mil pessoas em Paris.
O Globo 

BORGES NETO LUCENA INFORMA