Donald Trump anuncia que vai taxar produtos do México por causa da imigração ilegal

O presidente dos Estados UnidosDonald Trump, anunciou na noite desta quinta-feira (30) que vai taxar todos os produtos importados do México em 5% até que o país vizinho elimine ou reduza drasticamente a entrada de imigrantes clandestinos em território norte-americano. A medida começa a valer em 10 de junho.
De acordo com comunicado divulgado pela Casa Branca, essa taxação vai aumentar gradualmente, caso não haja queda na imigração ilegal. Veja:
  • Taxação de 5% a partir de 10 de junho;
  • 15% a partir de 1º de agosto;
  • 20% a partir de 1º de setembro;
  • 25% a partir de 1º de outubro;
  • Permanecer em 25% indefinidamente.
Construção de muro na fronteira dos EUA com o México em El Paso, no Texas — Foto: Jose Luis Gonzalez/Reuters
Construção de muro na fronteira dos EUA com o México em El Paso, no Texas — Foto: Jose Luis Gonzalez/Reuters
No comunicado, Trump acusa o México de “não tratar de maneira justa” os Estados Unidos. O texto também diz que o governo mexicano tem meios legais de parar “rápida e facilmente” o fluxo de imigrantes rumo ao território norte-americano.
“Se a crise de imigração ilegal for aliviada com atitudes eficazes tomadas pelo México, as tarifas serão removidas”, promete Trump.
“Se o México falhar em agir, as taxas vão continuar no nível alto [25%], e as empresas localizadas no México podem começar a retornar aos Estados Unidos para fabricar seus bens e produtos. As companhias que se mudarem de volta aos Estados Unidos não vão pagar as tarifas ou serem afetadas de maneira alguma”, explica Trump.

Trump pede apoio do Congresso

O Capitólio, sede do Congresso dos EUA, em Washington DC — Foto: AP Photo/J. Scott Applewhite
O Capitólio, sede do Congresso dos EUA, em Washington DC — Foto: AP Photo/J. Scott Applewhite
No comunicado, o presidente dos EUA também pressiona congressistas – inclusive do Partido Democrata, de oposição – a aprovarem mudanças no sistema migratório do país.
“Os democratas no Congresso estão completamente a par desta situação horrível e ainda assim se recusam em ajudar de qualquer maneira”, acusou.
Caso o Congresso aprove mudanças na política migratória, disse Trump, as taxações anunciadas nesta quinta-feira podem ser suavizadas ou mesmo canceladas. As medidas incluiriam o “fechamento de buracos”, que, segundo o presidente, são:
  • Leis sobre asilos
  • Sistema judiciário
  • Política de “capturar e liberar”
  • Loteria de vistos – existente com o Green Card
  • Imigração em cadeia, ou seja, quando pessoas de uma mesma família ou região imigram sucessivamente
Antes de anunciar a taxação ao México, aliados do governo Trump no Congresso deram início aos trâmites para votar o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês), substituto do Nafta acertado em outubro de 2018.
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, disse que pretende ver o acordo aprovado até setembro.

Pressão pelo muro

O muro na fronteira entre os EUA e o México é visto em Tijuana, no México — Foto: Shannon Stapleton/Reuters
O muro na fronteira entre os EUA e o México é visto em Tijuana, no México — Foto: Shannon Stapleton/Reuters
Trump prometeu endurecer a política migratória nos Estados Unidos ainda durante a campanha presidencial de 2016, quando prometeu construir um muro na fronteira com o México – e fazer o país vizinho pagar pela obra.
No ano passado, quando o Partido Democrata conseguiu maioria na Câmara dos Representantes, Trump travou uma batalha política para aprovar recursos destinados à construção do muro. Os oposicionistas se negaram, o Congresso não aprovou orçamento a tempo, e o governo ficou paralisado por mais de um mês.
Como Trump não conseguiu convencer os congressistas a aprovarem o orçamento com a verba destinada ao muro, o presidente declarou emergência nacional, em fevereiro, para garantir o início da obra. A taxação anunciada nesta quinta-feira está entre as prerrogativas dessa declaração emergencial.
A Câmara dos Representantes e o Senado aprovaram uma resolução que revertia a declaração de emergência de Trump, mas o presidente exerceu o poder de veto para manter o status na fronteira.
Mapa mostra onde Trump pretende construir muro contra imigrantes na fronteira com o México — Foto: Infografia: G1
Mapa mostra onde Trump pretende construir muro contra imigrantes na fronteira com o México — Foto: Infografia: G1

Crise migratória na fronteira

O governo norte-americano tenta endurecer a política fronteiriça principalmente depois do aumento do fluxo de imigrantes na fronteira dos Estados Unidos com o México. Ali, em muitos dos casos, as pessoas tentam pedido de asilo para conseguir permanecer no país – processo longo que acaba permitindo que o requerente fique em solo norte-americano.
Há duas semanas, Trump anunciou um pacote de medidas que promete celeridade na análise desses pedidos de asilo. Isso porque vários dos imigrantes da América Central que chegam pela fronteira afirmam que correm risco nos países de origem – o que, segundo o presidente, nem sempre é verdade.
“Se você tem um motivo real [para pedir asilo], você será rapidamente atendido. Se não, será mandado para fora”, afirmou Donald Trump, na ocasião.
Um menino migrante, parte de caravana da América Central que tentava chegar aos EUA, chora pelo excesso de calor e umidade em ponto de checagem na fronteira entre Guatemala e México, em Ciudad Hidalgo, em 20 de outubro de 2018 — Foto: Reuters/Edgard Garrido/File Photo
Um menino migrante, parte de caravana da América Central que tentava chegar aos EUA, chora pelo excesso de calor e umidade em ponto de checagem na fronteira entre Guatemala e México, em Ciudad Hidalgo, em 20 de outubro de 2018 — Foto: Reuters/Edgard Garrido/File Photo
Muitos dos migrantes sequer são mexicanos – e, sim, pessoas que saíram de países da América Central (principalmente Guatemala, El Salvador e Honduras) e atravessaram o México para chegar aos EUA. Tais caravanas se intensificaram no fim de 2018.
Balanço divulgado no começo de maio mostrou que as autoridades detiveram 460.294 imigrantes ilegais na fronteira com o Méxicosomente entre outubro e abril, segundo dados do Escritório de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP). O número já é maior que o registrado em 2009 e representa um novo recorde de detenções na região.

G1





BORGES NETO LUCENA INFORMA

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