Filho de líder do governo Bolsonaro se descola do presidente em disputa pelo Governo de Pernambuco

 


O prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (DEM), filho do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) — líder do governo Bolsonaro no Senado — tem feito um movimento de distanciamento do presidente em suas articulações de pré-campanha a governador de Pernambuco.

O objetivo, segundo interlocutores do prefeito da principal cidade do sertão do estado, é evitar que uma eventual postulação em 2022 seja contaminada pela elevada rejeição a Bolsonaro em Pernambuco.

Além disso, para enfrentar o PSB, que governa há 15 anos o estado, o grupo de Miguel quer atrair tanto Miguel, em agosto, chegou a se reunir com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, para medir a possibilidade de aliança com os pedetistas.

A sigla de esquerda já disse publicamente que, se houver uma nova aliança entre PSB e PT em Pernambuco, caminhará em outro palanque, que permita fazer campanha para o presidenciável Ciro Gomes.

Aliados de Miguel têm dito que ele poderá ceder seu palanque ao mesmo tempo para presidenciáveis de PDT, PSDB e até do próprio DEM e PSL, que deverão se fundir, caso haja unidade da oposição em Pernambuco, o que ele defende oficialmente.

Apesar do movimento de distanciamento do governo Bolsonaro, o discurso oficial de Miguel é o de que "não tem ideia fixa" e que não pretende colocar ideologia à frente nas eleições do ano que vem. O objetivo principal, segundo ele, é quebrar o ciclo de poder do PSB.

"A aposta de Miguel é que conte com apoio de diversas agremiações políticas em defesa da mudança", afirma o deputado estadual Antonio Coelho (DEM), irmão de Miguel e líder da oposição na Assembleia Legislativa do estado.

O PSB governa Pernambuco desde 2007, com dois mandatos de Eduardo Campos e dois do atual governador, Paulo Câmara (PSB).

Eleito senador pelo PSB, o pai de Miguel, Fernando Bezerra, foi filiado à legenda socialista até 2017. Naquele ano, o senador rompeu com o partido e passou para a oposição, na tentativa de ser candidato a governador pelo MDB em 2018, o que não ocorreu.

Na ocasião, Bezerra Coelho travou uma batalha judicial pelo comando do MDB de Pernambuco com o senador Jarbas Vasconcelos e o deputado federal Raul Henry, aliados do PSB.

O líder do clã Coelho, no entanto, não conseguiu vencer na Justiça e acabou não sendo candidato ao Palácio do Campo das Princesas.

Deputado estadual pelo PSB em 2015 e 2016, Miguel foi eleito prefeito de Petrolina, maior cidade do sertão.

Em 2020, reelegeu-se pelo MDB, sigla pela qual queria ser candidato a governador inicialmente. Mas Jarbas Vasconcelos e Raul Henry preferiram manter o vínculo com o PSB e tinham restrição pelo fato de o grupo dos Coelhos ser ligado ao governo Bolsonaro.

O fato de Fernando Bezerra Coelho ser líder do governo no Senado preocupa inclusive a oposição em Pernambuco. Uma ala do grupo já defende publicamente duas candidaturas ao governo estadual, uma mais e uma menos bolsonarista.

Também são cotados como pré-candidatos ao governo a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), filha do ex-governador João Lyra Neto, e o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL). Os dois gestores, que governam duas das maiores cidades de Pernambuco, presidem os seus partidos em âmbito estadual.

Na última sexta-feira (24), na véspera da filiação de Miguel ao DEM, PL e PSDB se reuniram com líderes de Cidadania e PSC e divulgaram manifesto oficial em defesa da unidade entre os quatro partidos. Nos bastidores da política local, o encontro foi visto como um contraponto a Miguel Coelho.

Líderes de PL, PSDB, PSC e Cidadania não acreditam que Miguel abriria mão da cabeça de chapa como candidato a governador em 2022. Ao mesmo tempo, veem isso como trunfo, para evitar que toda a oposição eventualmente seja taxada de bolsonarista.

Em paralelo, o grupo de Miguel acredita que a outra ala da oposição não esperava o seu movimento de saída do MDB e ida para o DEM.

Aliados de Miguel avaliam que os grupos de Anderson e Raquel acreditavam que ele seguiria no MDB com a pré-candidatura indefinida. Outro partido que tem proximidade com Miguel em Pernambuco é o Podemos.

Enquanto isso, o grupo de oposição menos afinado com Bolsonaro tem como estratégia evitar que o cenário de 2018 se repita.

Naquele ano, a propaganda eleitoral de Paulo Câmara, que disputava a reeleição pelo PSB, batizou os adversários de "turma do Michel Temer", em alusão ao então presidente, que tinha uma alta rejeição em Pernambuco.

A chapa de oposição tinha Armando Monteiro, à época no PTB, como candidato a governador, e os ex-ministros de Temer Mendonça Filho (DEM) e Bruno Araújo (PSDB) como candidatos ao Senado. O trio saiu derrotado nas urnas.

Para 2022, o núcleo que comanda o PSB em Pernambuco considera Miguel o melhor candidato para enfrentar. Caso isso ocorra, os socialistas querem repetir a tática eleitoral de quatro anos atrás e carimbaro que seria a "turma do Bolsonaro".

Já Raquel Lyra, por exemplo, não teria como ser carimbada com essa pecha, segundo socialistas, pois é do PSDB. A avaliação é a mesma de tucanos.

"As coisas vão ficar nítidas claramente, quais são os alinhamentos. A candidatura da prefeita Raquel, que é a que eu defendo, não pode ser taxada de nenhuma forma de bolsonarista", diz o ex-senador Armando Monteiro (PSDB).

Presidente do Cidadania em Pernambuco, o deputado federal Daniel Coelho defende uma convivência pacífica caso haja duas candidaturas de oposição em Pernambuco.

"É ruim se criar um ambiente de que essas duas candidaturas são inimigas, e não são. O adversário é quem está no governo. Uma candidatura mais alinhada a Bolsonaro e outra não pode ser um posicionamento para o eleitor, mas não o único, e há outros elementos importantes."

Líder do grupo político dos Coelho, o senador Fernando Bezerra não pretende disputar as eleições de 2022. Há possibilidade de tentar a vaga de ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), caso Raimundo Carrero antecipe a aposentadoria para 2022. A indicação ao sucessor do atual ministro cabe ao Senado.

Já o PSB vai tentar manter a hegemonia no estado e chegar a 20 anos no poder. A aposta do partido para isso é o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio, ex-prefeito do Recife.

Ele tem reiterado em notas divulgadas à imprensa que não será candidato a governador, mas segue como principal aposta entre dirigentes da legenda.

No dia 21, em evento nacional do PSB, o presidente da sigla, Carlos Siqueira, saudou Geraldo Julio como "futuro governador de Pernambuco" e disse: "Ele não quer, mas vamos fazer o candidato". Dentro do PSB, o ex-prefeito é tratado como plano A, B e C para a disputa da sucessão de Paulo Câmara.

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