Entrevista: jornalista Naná Garcez fala de sua gestão e desafios da EPC

 

Existe um profissional que seja perfeito? Bom, tudo é possível. A jornalista Naná Garcez é uma  profissional  constante, à frente da Empresa Paraibana de Comunicação, que agrega o jornal A União, sua Editora, e a Rádio Tabajara.

Ela sabe que para uma empresa crescer,  terá como resposta seu próprio perfil. Estamos falando em Comunicação. E, para se tornar um profissional bem visto é preciso se desenvolver de maneira completa, adquirindo competências técnicas e comportamentais. Isso é bem visível no trabalho de Naná Garcez, que comanda uma equipe numerosa.

Desenvolvendo-se bem na EPC, Naná conseguiu, não só realizar as demandas com mais rapidez e eficiência, com desenvoltura melhor no ambiente de trabalho, relacionando-se com aqueles que lhe cercam e alcançando, através disso, o sucesso.  

Quem é ela

Ela é graduada em Comunicação Social, na área de Jornalismo, em 1982, pela Universidade Federal da Paraíba. Foi repórter no jornal A União, na TV Cabo Branco, editora de programa na TV Tambaú, redatora da Secretaria de Comunicação Social, assessora de imprensa das Secretarias das Finanças, do Planejamento, do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba e gerente de Comunicação e Marketing da CBTU/Paraíba.

Fez especialização em Redação Jornalística, pelo Centro de Ensino e Pesquisa, da Universidade Potiguar (UnP). Em sua monografia abordou a Economia do Setor Público no jornalismo econômico da Paraíba. Na UFPB, fez mestrado em Comunicação na linha de pesquisa de Mídia e Cotidiano. Foi nomeada em 04 de janeiro de 2019, para dirigir a Empresa Paraibana de Comunicação S.A.-EPC.

 

Convidamos você a nos acompanhar nesta leitura do Espaço K e conhecer as principais diferenças do trabalho de uma mulher que se destaca empolgada.

 

Espaço K – Vamos começar pela sua gestão na EPC – que transformou o jornal a União e todos  seus serviços e a Radio Tabajara numa empresa. Como veio essa sacada?

 

Naná Garcez – A decisão de criar a Empresa Paraibana de Comunicação S.A – EPC foi do governador João Azevedo, que enviou o projeto de  lei para a Assembleia Legislativa, e ao me convidar para retornar ao setor público,  me repassou o projeto de lei dois dias antes da posse dele. Portanto, ao assumir o cargo em 4 de janeiro de 2019 tratei implantar a nova empresa dentro das competências, dos princípios e da estrutura definidos pela Lei nº 11.306/04/2019. Foi uma grande sacada, de fato, do governador ao unir dos veículos de comunicação históricos da Paraíba em uma empresa pública, com personalidade jurídica de direito privado, que se enquadrada na Lei nº 13.303/2016 ( conhecida como Lei das Estatais), porque potencializou a capacidade técnica, operacional, criativa e econômica dos veículos e estruturou o sistema público de comunicação da Paraíba.

 

Espaço K  – Também na sua gestão, a editora A União vem publicando diversos livros e já temos uma livraria no Espaço Cultural – tem dado certo esse projeto?

 

Naná Garcez  – A editora já existia e era mais ou menos ativa dependendo da gestão. Temos um registro de que o livro de Augusto dos Anjos teve uma edição feita pela A União na década de 1920, e também que José Américo de Almeida publicava através de A União. Com a nova estrutura administrativa esse setor cresceu. A livraria (física e virtual) era uma demanda antiga, que tivemos a oportunidade de concretizar em 2 de fevereiro de 2023, comemorando os 130 anos do jornal. A localização no Espaço Cultural é excelente. Tornou-se um ponto de cultura. De fevereiro a dezembro, fizemos 26 lançamentos, entre títulos da Editora A União, e de autores que publicaram por outras editoras e  pediram para fazer o lançamento na nossa livraria. Além disso, ocorreram eventos como rodas de conversas do Clube do Conto, reuniões da União Brasileira de Escritores secção da Paraíba, e por isso digo que é um ponto de cultura. Dessa forma considero, sim, que deu certo. É uma conquista dos escritores paraibanos.

 

Espaço K – Vamos voltar no tempo – quando foi que Nana Garcez começou a trabalhar com jornalismo?

Naná Garcez  – Fiz jornalismo na Universidade Federal da Paraíba e em 1980, ainda no curso, comecei a trabalhar como repórter no Jornal A União, sendo das primeiras turmas que chegavam às redações dos jornais e rádios oriundas do Curso de Comunicação Social. Trabalhei muito em jornal (A União e Correio da Paraíba), em televisão (TVs Cabo Branco e Tambaú), em assessoria de imprensa em órgãos estaduais e federal, e tive, junto com meu filho Victor, uma empresa – Supermidia Comunicação – na qual fizemos revistas e jornais para vários setores – a mais conhecida foi a EDIFICAR – Construção Arquitetura e Negócios (durou nove anos), mas fizemos duas na área de saúde, também a Revista do Fisco da Afrafep, de eventos imobiliários, de condomínio e revistas corporativas de empresas.

 

Espaço K – A gente olha pra você e vê logo que é uma profissional  e que mesmo tendo um filho que é genro do governador João Azevedo, Nana não brinca em serviço, né?

 

Naná Garcez  – A sua pergunta é puro machismo. Antes, diziam que estava em cargos, como a Assessoria do Tribunal de Contas do Estado ou na gerência de Comunicação da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) porque sou casada com o jornalista Agnaldo Almeida. Agora, há essa ressalva por estar na presidência da EPC, a convite do governador João Azevedo, a quem conheci em 1986, quando era secretário de Serviços Urbanos de João Pessoa. Ao longo do tempo, como jornalista o entrevistei várias vezes. E, Ana Lins também a conheci no começo de 2003, pois trabalhava num órgão em que eu colaborava na Assessoria de Imprensa.  O fato de ser sogra da filha deles (é uma nora ótima) contribui em dois aspectos: confiança e amizade, porque a qualificação técnica, o governador já conhecia. Para os que não sabem fiz, também, especialização em Redação Jornalística pela UnP e depois mestrado na UFPB, na linha de Mídia e Cotidiano. Conquistei prêmios em concursos de jornalismo do Sebrae e da AETC, com reportagens da Revista EDIFICAR. Agradeço muito ao governador pela oportunidade de estar, neste momento, na direção da EPC, que, de 2020 a 2023, foi premiada em nove cursos de jornalismo e a Editora A União recebeu um prêmio nacional da Associação Brasileira das Editoras Universitárias (ABEU), em conjunto com a Editora da UEPB (EDUEPB).

Espaço K  – Aliás, como é  relacionamento do Governo com a EPC, ele  é um incentivador da cultura?

Naná Garcez  – O governador João Azevedo é um grande incentivador da Cultura, daí fazermos, anualmente, o Festival de Música da Paraíba, em parceria com a Funesc e com a Secom; e o concurso literário José Lins do Rego, também em parceria com a Funesc, e as temporadas do Palco Tabajara, na Usina Cultural, em parceria com a Energisa. A manutenção do jornal impresso diário (do qual ele é leitor) e outras ações são valorizadas pelo governador. Temos feitos investimentos tanto no jornal, na gráfica, na rádio e isso reflete o compromisso do governo com os dois veículos.

   

Espaço K  – Me parece que você encontrou o amor da sua vida, numa redação?

Naná Garcez  – Sim. Eu e Agnaldo estamos casados há 41 anos. Foi no jornal A União que o conheci. Temos dois filhos – Victor, economista concursado do BNB e Vanina, médica que fez residência na Unicamp e atualmente fazendo mestrado também em Campinas, São

 

Espaço K  – O Jornal A União está nas ruas, resistindo a morte de vários impressos nacionais. Isso é porque muita gente não tem acesso à internet e gosta de ler o jornal na mão. Vamos falar sobre isso?

Naná Garcez  – O jornal tem assinantes e pessoas que o compram em banca de revista. Como resiste? Qualidade de conteúdo. Temos 35 articulistas, nos vários cadernos, que emitem opinião qualificada (Gonzaga Rodrigues, Ana Adelaide, Carlos Pereira, Ricardo Farias, Germano Romero, Vitória Lima, Sandra Rachew, Fernando Vasconcelos, Geraldo Varela, Alex Santos, Estevam Dédalus, Rui Leitão, Damião Ramos, Angélica Lúcio, você, Dom Delson, Kleber Maux, Ramalho Leite, Sérgio Castro Pinto, entre outros nomes, pois a lista é longa); temos credibilidade construída com um jornalismo profissional ao longo do tempo, temos o mais antigo suplemento literário em circulação – o Correio das Artes. A equipe da redação tem novos jornalistas e outros bem experientes, sendo comandada atualmente por Gisa Veiga e na diretoria de Mídia Impressa, William Costa, então, continuamos conquistando leitores. Embora tenhamos a versão digital do jornal, ainda não temos um portal, que é algo necessário.

 

Espaço K – Como é o dia a dia  de uma jornalista – que tem que dar conta de muitas atividades ligadas a EPC, eventos, lançamentos etc?

 

Naná Garcez  – Muito intenso. Em geral não almoço em casa. Sai às 8h e volto à noite. Tenho bons diretores que ajudam  muito, e a EPC é bem estruturada, o que facilita a execução de suas atividades.

 

Espaço K  – Trabalhamos juntos por um período na assessoria de imprensa do TJPB – lembro que pedia para você revisar os textos produzidos por mim que eram publicados no extinto Jornal Correio. Vez em quando você diz que gosta dos meus textos publicados n’ A União aos domingos – temos algo em comum  além da notícia – poderia fazer sobre  a valorização que faz da sua equipe, seja dos que estão no batente ou dos colaboradores?

 

Naná Garcez  Temos muito respeito por todos que trabalham conosco, não apenas no jornal, como também no Diário Oficial, na gráfica, na editora, na rádio, no marketing, no setor do arquivo, na área administrativa, no setor jurídico, na contabilidade, no comercial, enfim, em todas as áreas. Numa empresa, um setor depende do outro. E, no jornal especificamente, temos bons profissionais.

 

Espaço K  – Como é a Naná avó?

Naná Garcez  – Amo meu neto, sou muito carinhosa. Quando posso levo para passear, dou presentes (principalmente livros); mas, temos rotinas e Victor, Priscila e ele sempre jantam conosco no domingo ou feriado.

 

Espaço K –   A inteligência artificial está batendo na porta, isso assusta, poderá deixar muitos jornalistas desempregados, mas nada justifica a produção de um bom jornalista, né?

 

Naná Garcez  – Cada nova tecnologia gera inquietações e questionamentos. De modo geral, a evolução técnica traz facilidades e mudanças. A qualificação constante dos profissionais de qualquer área o torna insubstituíveis. Aprende-se a técnica e se faz uso dela da melhor forma. A velocidade das tecnologias é grande, porém, há questões éticas no uso de novos métodos, processos, equipamentos, enfim, a sociedade é que vai decidir o que é relevante.

 

Espaço K – O que você diria para um jornalista que está começando agora?

Naná Garcez  – Qualifique-se para estar em qualquer plataforma. Mantenha a ética, tenha uma boa rede de contatos, leia muito, use bem o português, procure fazer o que tem que fazer da melhor forma.

 

Espaço K –  Naná me parece não usar muito as redes sociais, né?

Naná Garcez  – De fato, já fui mais presente, mas tenho procurado ler mais. Interajo com as outras pessoas do Facebook e no Instagram. Não aderi ao Twitter. Foi uma opção. Não me ausento totalmente, porém neste momento, optei pela leitura e atualização profissional.

 

Espaço K  –   Você já foi assediada? 

Naná Garcez  – Não.

 

Espaço K  –  O que Naná tem a dizer do aumento de mulheres mortas por feminicídio?

Naná Garcez  – É angustiante. Temos uma legislação que tem sido aprimorada para combater a violência contra a mulher, mas, temos ainda uma ação lenta, em especial no Judiciário. O conceito de feminicídio é um avanço. A sociedade brasileira está muito violenta e o acesso às armas cresceu demais. Porém, o sentimento de impunidade é um grande estímulo à prática da violência contra as mulheres. Isso não dá para aceitar. Precisamos de uma cultura de paz, de respeito às diferenças e de valorização das mulheres.

 

MAIS PB



BORGES NETO LUCENA INFORMA

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