Operação Baronato apreende carros de luxo, motos, joias, bloqueia 120 contas bancárias e prende quadrilha que movimentou R$1 bi em fraudes

 


A “Operação Baronato” prendeu mais de nove pessoas em Campina Grande, Maringá (PR), São Paulo (SP) e Morro do Chapéu (BA) suspeitas de integrar um esquema criminoso de fraude fiscal que sonegou mais de R$ 110 milhões de ICMS dos cofres públicos estaduais e movimentou mais de R$ 1 bilhão em comércio ilegal em mais de 20 cidades em todo o país. De acordo com o secretário executivo da Receita da Sefaz, Bruno Frade, em entrevista ao ClickPB, as investigações contra o grupo estavam em andamento desde 2023. A movimentação financeira era resultado de comércio no setor atacadista e de cerais.

“Tivemos um trabalho investigativo minucioso para levantar e comprovar as fraudes e montar a operação por meio de mandados judiciais. Esse grupo movimentou cerca de R$ 1 bilhão em operações fraudulentas em 2024, com um prejuízo estimado de R$ 110 milhões para os cofres públicos em impostos, lesando a sociedade de mais investimento em políticas públicas como saúde, educação e segurança”, detalhou.
Entre os bens apreendidos nas quatro cidades da operação estão veículos de luxo, motos, joias, cheques que somam mais de um milhão de reais, dinheiro em espécie em seis tipos de moedas e três caminhões. Também foram bloqueadas mais de 120 contas bancárias e o sequestro de bens dos investigados. As apreensões dos bens buscam reduzir os danos causados aos cofres públicos e às políticas públicas pelo esquema de sonegação fiscal de ICMS, por meio de fraudes estruturadas realizadas por empresas do setor atacadistas do ramo de cereais e estivas.

Foram cumpridos 9 dos 10 mandados de prisão, expedidos pela 1ª Vara Regional das Garantias de João Pessoa, além de 13 mandados de busca e apreensão nas quatro cidades alvos da operação. Dos dez alvos de prisão no inicio da manhã de terça-feira (7), apenas um deles não foi cumprido na cidade de Campina Grande. Ele permanece foragido, mas as forças de segurança continuam em diligência para executar o mandado de prisão. O GAESF da Paraíba ainda enviou auditores fiscais, policiais civis, procuradores e promotores para as três cidades alvos fora da Paraíba.

Segundo Bruno, outros estados, que estavam com investigações preliminares, deverão avançar agora a partir da operação Baronato da Paraíba. Como o grupo atuava em 20 estados, a operação da Paraíba, que teve repercussão nacional, terá novos desdobramentos com os documentos e equipamentos apreendidos, além do vasto material já recolhido durante as investigações com as comprovações dos ilícitos tributários. Elas municiaram a operação e as decisões judiciais tanto para os mandados das prisões preventivas, como a de busca e apreensão de bens dos envolvidos.

COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA CRIMINOSO – Bruno Frade explicou como o esquema criminoso da fraude estruturada agia na Paraíba e como as investigações de dois anos do GAESF, que é formado pela SEFAZ-PB, Ministério Público do Estado, Polícia Civil e Procuradoria Geral do Estado, conseguiram desvendar as fraudes.
“O esquema era todo baseado em empresas fictícias e ‘laranjas’. Esse grupo econômico se utilizou de uma decisão judicial (uma Súmula do STJ em decisão do STF) em que a transferência entre matrizes e filiais do mesmo titular não gerava tributação de ICMS e montou um esquema criminoso usando, inicialmente, essa decisão judicial para simular transferências de mercadorias entre matrizes e filiais do mesmo grupo sem de fato existir a tributação. Na verdade, essa mercadoria era deslocada para um terceiro que comercializava esses produtos sem nota fiscal, se apropriando de forma fraudulenta de dinheiro público do ICMS. À medida que as investigações do GAESF foram avançando se detectou um outro tipo de fraude. Além das transferências de matriz e filial sem incidência de imposto, esse grupo começou a usar os créditos fiscais. Na verdade, não havia uma operação comercial, pois eles emitiam as notas fiscais tão somente de crédito para que o imposto do destinatário fosse reduzido na sua declaração mensal dos documentos fiscal. Ou seja, além de utilizar de empresas “laranjas”, esse grupo começou fazer transferência de crédito fiscal”, explicou o secretário executivo, acrescentando que esse grupo abriu 12 empresas na Paraíba e mais de 100 empresas no País com o intuito de fraudar. O grupo econômico investigado na operação tinha com foco o segmento atacadista de cereais e estivas, mas o líder do esquema criminoso era na cidade de Maringá, no Paraná, que foi preso durante a operação simulânea nas quatro cidades.
PENA PODE CHEGAR A 28 ANOS 
Após as investigações do GAESF, os integrantes do esquema criminoso são acusados dos seguintes ilícitos: Crimes contra a Ordem Tributária/8.137/1990; de Organização Criminosa/12.850/2013; Falsidade Ideológica/Dec-Lei nº 2.848/1940 e Crime de Lavagem de Capitais/ 9. 613/1998. As penas máximas somadas, em caso de condenação, ultrapassam 28 anos de reclusão.
OPERAÇÃO BARONATO
A operação recebeu o nome Baronato em referência ao poder concentrado e à ampla influência exercida pelo grupo investigado, do qual uma das principais empresas tem no nome a figura de um barão. Assim como os antigos baronatos, caracterizados pela posse de extensos domínios e pela manutenção de privilégios acima da lei, a organização criou uma rede empresarial com filiais em diversos estados para ampliar seu alcance e praticar fraudes fiscais em larga escala. O nome simboliza, portanto, a estrutura hierárquica e a atuação articulada do esquema, que buscava preservar vantagens ilícitas à custa do erário.
GAESF
Criado em 2022, o Grupo de Atuação Especializada no Combate à Sonegação Fiscal e aos Ilícitos contra a Ordem Tributária (GAESF) abriga quatro instituições: Secretaria de Estado da Fazenda (SEFAZ-PB), Ministério Público do Estado (MP-PB), Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social e a Procuradoria Geral do Estado (PGE) tem se tornado referência nacional em combate aos crimes de fraude fiscal estruturada, que são perpetrados por organizações criminosas. Os órgãos são autônomos, mas trabalham de forma integrada no Núcleo de Combate à Sonegação Fiscal, sede do GAESF em João Pessoa, que foi criado na Paraíba para trabalhar especificamente no combate à sonegação fiscal. Com resultados exitosos em operações contra fraudes estruturadas, o GAESF tem recebido visitas e também sido convidado por outros Estados para compartilhar as suas experiências bem sucedidas tanto no combate à sonegação, mas também nas negociações para reaver ativos com empresas investigadas via Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos da Paraíba (CIRA) braço operacional do GAESF nas negociações com as empresas com pendências fiscais.
CLICKPB


BORGES NETO LUCENA INFORMA

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