Que
uma boa alimentação traz benefícios enormes para a saúde, ninguém
discute. Além de deixar a mente mais ligada, uma dieta equilibrada está
diretamente ligada à prevenção de doenças como hipertensão, diabetes e
colesterol alto. "No entanto, poucas mulheres sabem que problemas
típicos de seu gênero também podem ser prevenidos com ajuda da dieta",
afirma a nutricionista Camila Freitas, da Vittali, em São Paulo.
Pensando nisso, no Dia Internacional de Luta Pela Saúde da Mulher (28 de
maio), listamos algumas complicações que são mais comuns no universo
feminino e montamos um cardápio com os alimentos campeões para combater
tais males:
Câncer de mama
De
acordo com o Ministério da Saúde, o câncer de mama está entre as dez
doenças que mais matam mulheres no Brasil. Segundo a nutricionista
Débora La Regina, do Centro Paulista de Oncologia (CPO), uma dieta
balanceada por contribuir diretamente na prevenção do câncer de mama.
"Isso acontece porque, na maioria das vezes, faltam nutrientes
essenciais na alimentação da mulher que ajudariam na prevenção desse
tipo de câncer", diz.
Um
estudo realizado pela Boston University e publicado no jornal American
Journal of Epidemiology descobriu que mulheres que comem duas porções de
vegetais por dia têm 45% menos chances de desenvolver câncer de mama.
Segundo a pesquisa, alimentos como brócolis, mostarda, couve e
hortaliças verdes desempenham um papel ainda maior na redução de chances
de câncer de mama, pois são ricos em glucosinolatos, aminoácidos que
tem uma função importante na prevenção e tratamento da doença. Além
deles, outros alimentos como alho, nabo, alface, abóbora e espinafre
possuem menores quantidades de gluconisolatos, e devem fazer parte da
dieta.
Câncer de colo do útero
Geralmente
causado pelo vírus do HPV, o câncer de colo do útero é facilmente
identificado em exames de rotina, como o papanicolau, a colposcopia e a
biópsia. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a doença
apresenta 18.430 novos casos por ano. Além de evitar os fatores de risco
mais comuns, como a diversidade de parceiros sem proteção, o tabagismo e
a má higiene íntima, o câncer de colo do útero pode ser prevenido com a
alimentação. Um estudo da Escola de Medicina da Universidade Vanderbilt
(EUA) descobriu que consumir três ou mais porções de peixe por semana
diminuía em 33% o risco de desenvolver câncer de colo do útero. De
acordo com os autores, o poder anti-inflamatório do ômega 3, presente
nos peixes, atua combatendo os pólipos adenomatosos - são crescimentos
anormais na mucosa do cólon que podem se tornar um tumor.
Dor de cabeça
Segundo
a Academia Brasileira de Neurologia, 76% das brasileiras sofrem com
algum tipo de dor de cabeça. Entre as principais causas de cefaleia no
público feminino estão estresse, má alimentação e alterações hormonais
típicas do ciclo menstrual. "Durante o período de TPM, o organismo das
mulheres produz em excesso um grupo de hormônios chamados prostalginas, e
essas altas taxas de hormônios são as responsáveis pelas dores
articulares, musculares, cólicas e a também a enxaqueca e cefaleia",
afirma a endocrinologista Amanda Athayde, da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Porém, uma pesquisa desenvolvida pela Escola de Ciências da Saúde da Universidade Griffith, na Austrália, descobriu que uma dieta rica em vitaminas do complexo B pode ajudar a prevenir crises de enxaqueca. A nutricionista Roseli Rossi, da clínica Equilíbrio Nutricional, afirma que essas vitaminas, principalmente a B12, são fundamentais para o pleno funcionamento do sistema nervoso, evitando alterações de sensibilidade no corpo, que podem causar crises de enxaqueca. Ela explica que ao redor dos nossos nervos existe uma espécie de "capa de gordura", chamada bainha de mielina, que é fundamental para a passagem do estímulo nervoso e a proteção do nervo. "Na falta de B12, ocorre a desmielinização, que é uma espécie de defeito na bainha de mielina", completa Roseli. Fígado de boi, mariscos, ostras cruas, atum, ovos e leite são boas fontes dessa vitamina.
Osteoporose
"Durante
a menopausa ocorre a diminuição dos níveis de estrógeno, hormônio
feminino imprescindível para manter a massa óssea, aumentando a
incidência de osteoporose", diz a endocrinologista Amanda. O Ministério
da Saúde afirma que a osteoporose atinge cerca de 10 milhões de pessoas
no Brasil, sendo mais da metade mulheres, e 25% delas na pós menopausa. O
principal causador da osteoporose é a deficiência em cálcio, nutriente
responsável por calcificar os ossos. Para consumir as quantidades
recomendadas de cálcio, o ideal é ingerir o equivalente a três copos de
leite integral mais uma porção de queijo amarelo por dia. "Outros
alimentos, como sementes e verduras verde-escuras também são ricas nesse
nutriente, mas a melhor opção são mesmo o leite e seus derivados",
afirma a nutricionista Camila Freitas, da Vittali, em São Paulo.
Depressão
Um
levantamento feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que
17 milhões de brasileiros sofram com depressão, sendo que a proporção é
de duas mulheres para cada homem com a doença. De acordo com os
especialistas, uma hipótese que justifica a maior prevalência em
mulheres é que elas sofrem maiores oscilações hormonais, incluindo os
níveis de serotonina, hormônio responsável pelo nosso bem-estar. "A
doença pode acontecer porque a transmissão de serotonina não está tão
efetiva quanto deveria no organismo, diminuindo o humor", explica a
neurologista Dalva Lucia Rollemberg Poyares, da Unifesp.
A
boa notícia é que um cardápio rico em vitamina D pode ser grande aliado
contra a depressão. Pesquisadores da Southwestern Medical Center, no
Texas, Estados Unidos, encontraram ligação entre baixos níveis de
vitamina e a doença após avaliarem mais de 12.600 participantes de
estudos feitos entre 2006 e 2010. A principal fonte dessa vitamina é a
luz solar, que estimula a produção da vitamina por nossa pele. A
nutricionista Priscilla Baracat ensina que 10 a 15 minutos de contato
com a luz do sol, de duas a três vezes por semana, evitando a exposição
entre as 10h e 16h, já são suficientes. Outras fontes de vitamina D são:
ovos, iogurte, fígado de boi, sardinha e óleo de fígado de bacalhau.
Menopausa
Ondas
de calor, suores noturnos, ganho de peso, insônia, irritabilidade,
entre outros sintomas, são característicos da menopausa, que afeta todas
as mulheres, geralmente entre os 45 e os 55 anos de idade. Para se
livrar das ondas de calor e da irritação, tão comuns na menopausa,
invista em boas porções de soja. É o que afirma um estudo realizado pela
Universidade de Delaware, nos Estado Unidos. Baseados na análise 19
estudos anteriores que envolveram mais de 1.200 mulheres, os cientistas
descobriram que as isoflavonas presentes na soja têm um impacto direto
na redução das ondas de calor e nas mudanças de humor. Para aproveitar
esses benefícios, é necessário consumir pelo menos 54 miligramas de
isoflavonas por dia - o equivalente a dois copos de leite de soja ou
sete gramas de tofu.
Endometriose
Caracterizada
pelo crescimento do endométrio fora da cavidade uterina (trompas,
ovários, intestinos e bexiga), a endometriose ainda não tem causas
conhecidas e atinge cerca de seis milhões de brasileiras, sendo que até
50% delas podem ficar inférteis. Apesar de as causas diretas ainda serem
desconhecidas, um estudo publicado na revista Human Reproduction e
desenvolvido pela Universidade de Harvard (EUA) concluiu que mulheres
que consomem muitos alimentos ricos em ômega 3 tem uma chance 22% menor
de serem diagnosticadas com endometriose. "Além dos peixes como atum e
salmão, outras ótimas fontes de ômega 3 são as oleaginosas, como nozes,
castanhas e amêndoas", diz a nutricionista Roseli. Para aproveitar os
benefícios, basta consumir três unidades de qualquer uma delas por dia.
Infecção urinária
Segundo
a Sociedade Brasileira de Urologia, cerca de 20% da população feminina
brasileira apresenta o distúrbio, que é caracterizado por dores ao
urinar e desejo súbito e intenso de urinar, sempre em pequenas
quantidades. "As mulheres tendem a ter mais infecções que os homens
porque têm uma uretra mais curta e próxima ao ânus", explica o
urologista Milton Skaff, do Hospital Beneficência Portuguesa de São
Paulo. Além dos hábitos de higiene íntima e da ingestão abundante de
líquidos, a infecção urinária pode ser prevenida ou tratada com a
ingestão de suco de cranberry, também chamada de mirtilo. É o que afirma
um estudo publicado no Archives of Internal Medicine e desenvolvido por
pesquisadores da Universidade Nacional de Taiwan, na China. Eles
fizeram uma análise de mais de 10 testes clínicos feitos com a fruta, e
descobriram que os riscos de uma infecção eram 62% maiores em mulheres
que não consumiam cranberry. De acordo com o estudo, a hipótese que
justificaria o efeito benéfico da fruta é a presença de compostos que
inibem a aderência da bactéria Escherichia coli - causadora da doença -
na mucosa do trato urinário.
Hipotireoidismo
Segundo
dados levantados pelo IBGE em 2011, cerca de 15% das mulheres adultas
sofrem com o hipotireoidismo, incidência que é 10 vezes maior que nos
homens. "Ela acontece principalmente no climatério, última menstruação
antes da menopausa", diz a endocrinologista e metabologista Gláucia
Duarte, da Universidade de São Paulo. "O hipotireoidismo mais comum
acontece quando os próprios anticorpos do organismo encaram a glândula
tireoide, como se ela fosse um corpo estranho no organismo", afirma. O
que os pesquisadores da USP descobriram é que uma dieta rica em selênio é
fundamental para o bom funcionamento da tireoide, prevenindo doenças
relacionadas à glândula. "Uma boa fonte de selênio é a carne vermelha,
também rica em zinco, outro nutriente importante para a produção
hormonal", afirma a nutricionista Roseli. A especialista alerta,
entretanto, que a carne também pode se tornar uma vilã da saúde, uma vez
que contém quantias consideráveis de gordura saturada, prejudicial ao
organismo quando em excesso. "Por isso, limite o consumo desse alimento a
três bifes médios por semana", complementa.
Minha Vida
JUAREZ NETO - SE LIGA PARAÍBA
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