Com apoio do Governo, cocada na quenga gera renda para mulheres na cidade de Lucena


A cocada, um doce típico nordestino, tem sido fonte de renda para um grupo de mulheres do município de Lucena, Litoral Norte da Paraíba, a 48 km de João Pessoa. Essas trabalhadoras descobriram uma nova forma de apresentar o produto: o doce é servindo e uma quenga de coco, unindo habilidade artesanal e domínio culinário.
O sucesso da cocada na quenga tem o apoio do Governo do Estado, que destinou R$ 400 mil para que a cooperativa de mulheres eleve a produção mensal de 8 mil para 12 mil unidades. O incentivo financeiro foi repassado via Projeto Cooperar e Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza no Estado da Paraíba (Funcep), Banco Mundial e BNDES.
Uma das integrantes da cooperativa é a dona de casa e micro empreendedora Mirtes Letícia da Silva, mãe de duas filhas. Antes sem perspectiva de ter uma renda, hoje ela consegue faturar R$ 500 por mês com a produção e venda de cocadas. Ela não apenas agregou valor à sua habilidade de fazer o doce, mas passou a ser a principal mantenedora do lar, já que o esposo não tem emprego fixo.
A lida – Quatro dias por semana, as cocadeiras acordam cedo para cumprirem jornada de 8 horas de trabalho, que tem início com a lavagem dos cocos in natura, higienização de panelas e outros acessórios que vão ajudar na produção das cocadas. “O grupo se divide: enquanto uma parte prepara o doce, o outro já cuida de lavar e serrar os cocos, esterilizar as quengas e outros itens”, explica Mirtes Letícia.
Nos outros dias da semana sobra tempo para cuidar da casa, ou reforçar a renda, como é o caso de Letícia que mantém uma pequena lanchonete na residência. “Em épocas de pique, geralmente no verão, nós aumentamos mais um dia na produção semanal das cocadas para atender nossa clientela. A atividade é puxada, mas me faz sentir útil”, informou.
Preparo – Após o enchimento das quengas, embalagem, rotulagem, armazenagem e organização em caixotes, os doces são levados aos pontos de venda, trabalho feito diariamente por um motorista. E essa tem sido outra vantagem da fabricação das cocadas na quenga: não só gera renda para as cocadeiras, mas para pessoas que estão direta e indiretamente envolvidas com a cadeia produtiva, como o serrador das quengas e mais outro grupo de mulheres que transforma em artesanato as quengas não selecionadas.
O segredo, o grupo não revela, mas afirma que a receita é à base de açúcar, coco e leite, e o produto chega aos postos de venda em 18 sabores, entre eles natural, coco queimado, maracujá, chocolate e abacaxi. “A demanda é atendida conforme o sabor pedido pelo cliente”, disse Mauricéa Barbosa, idealizadora do grupo e presidente da Associação Mãos que se Ajudam, nome jurídico que a equipe recebeu.
A cocada na quenga é procurada como alimentação e como produto artesanal, pois é acondicionada na própria casca do coco, um produto ecológico e reutilizável, o que gera interesse turístico. “Por isso nas feiras de artesanato locais e nacionais, a cocada na quenga tem sido presença obrigatória”, destaca a presidente da associação.
O início – Em 1993, a psicóloga Mauricéa Barbosa que residia no interior de São Paulo, visitou Lucena e suas praias, município onde funciona o projeto da cocada, e foi ‘fisgada’ por sua beleza natural e qualidade de vida, o que a levou a adquirir um terreno e a partir daí, investir na construção de uma casa de veraneio, transformando-a posteriormente numa pousada.
A convivência com as moradoras da cidade a estimulou a procurar uma alternativa para a ocupação delas, já que não tinham perspectiva de emprego por falta de qualificação profissional.
Em 2000, com a aposentadoria do esposo, a família da psicóloga decidiu morar em Lucena. Ela largou um emprego de 16 anos em São José dos Campos (SP). “Após vários contatos com mulheres desmotivadas, resolvi convocar um grupo de 22 delas para uma reunião, onde sugeri a produção de artesanato, material de limpeza e cocadas, como alternativa de renda”, relatou.
A produção de cocadas começou de forma artesanal, quando o doce é posto para esfriar no mármore, ou na própria pia, e lá se faz o corte em diversos formatos. Graças à doação das próprias mulheres que disponibilizaram 6 kg de açúcar, 60 cocos e alguns utensílios da cozinha, o grupo começou a fabricação usando como linha de produção a cozinha da própria pousada. Depois as mulheres foram usando suas próprias cozinhas.
Como forma de agregar valor ao produto, começaram a utilizar os cocos que não conseguiam atingir o tamanho normal para a comercialização, e por isso eram descartados pela indústria. “A cocada acondicionada na quenga foi uma inovação. Acabamos gerando aumento nos negócios de outras pessoas com a venda dos coquinhos”, disse Mauricéa.
Agregado à produção de cocadas, a psicóloga mobilizou outro grupo de mulheres para a doação de tecidos, artesanato, entre outros, para um curso de corte e costura de peças artesanais.
Uma voluntária cedeu um quarto às cocadeiras e, em 2005, o grupo montou sua sede própria, adotando o nome legal de Associação Mãos que se Ajudam, com apoio da Prefeitura Municipal. Atualmente, na sede da associação funciona a produção de cocadas e de artesanato, além do Projeto Fazendo Arte, onde um grupo de 25 crianças da comunidade tem aulas sobre cidadania, meio ambiente, direitos e deveres, uma vez por semana.
Também semanalmente, as cocadeiras distribuem com 420 famílias alimentos oriundos da agricultura familiar local, ação que tem parceria com o Governo.
Incentivo – Os recursos liberados recentemente pelo Governo do Estado, Banco Mundial e BNDES foram destinados à ampliação da sede, que passa a ter 250 metros quadrados, e compra de equipamentos.
O espaço agora conta com quatro salas, uma área de serviço e dois banheiros. “Na adaptação que fizemos na área foi criado um espaço denominado memorial histórico onde os visitantes podem apreciar o acervo, visualizar o espaço da produção e degustar a cocada. Também foi criada uma área para a venda de artesanato”, explica a presidente da associação.
Os investimentos destinados à Associação Mãos que se Ajudam refletem bem a prioridade do Governo do Estado aos projetos produtivos como forma de melhorar a qualidade de vida das pessoas que estavam às margens da inclusão social”, destacou o coordenador do Projeto Cooperar, Roberto Vital.
SECOM 
 BORGES NETO LUCENA INFORMA

Postar um comentário

0 Comentários