Com dívida bilionária, Forever 21 pede recuperação judicial nos Estados Unidos

A rede de lojas de vestuário jovem Forever 21 informou na noite deste domingo que pediu recuperação judicial nos Estados Unidos. Com isso, a varejista pede uma trégua para pagar credores, de modo a poder reestruturar seu negócio e, assim, evitar a falência.
Fundada em 1984, a empresa tem mais de 800 lojas nos EUA, Europa, Ásia e América Latina, inclusive no Brasil. Segundo o jornal americano Wall Street Journal, 350 delas serão fechadas, sendo 178 nos Estados Unidos.
De acordo com a Bloomberg, o plano prevê o fechamento da maioria dos pontos de venda na Ásia e na Europa. Na América Latina, a intenção é manter a operação, mas não está claro se a rede vai fechar alguma de suas lojas no Brasil, onde iniciou as atividades em 2014.
Loja da Forever 21 em Nova York: empresa pediu recuperação judicial nos Estados Unidos Foto: SHANNON STAPLETON / REUTERS
Loja da Forever 21 em Nova York: empresa pediu recuperação judicial nos Estados Unidos Foto: SHANNON STAPLETON / REUTERS
Desde aquele ano, a rede abriu 15 unidades no país, mas já vinha freando sua expansão por aqui, segundo informou o colunista do GLOBO Lauro Jardim . Um reflexo das dificuldades que vem enfrentando.
A Forever 21 se tornou alvo de rumores nos últimos meses de que estava à beira de uma recuperação judical . Seu cofundador, Do Won Chang, vem tentando manter o controle acionário do grupo, o que vinha limitando suas opções para levantar fundos para evitar a a quebra.
A rede não conseguiu fechar um acordo que daria a seus dois maiores locadores em shoppings, o Simon Property Group e a Brookfield Property Partners LP, uma participação na empresa, de acordo com pessoas com conhecimento da situação.

Dívida de até US$ 10 bi

Documentos enviados pela empresa ao tribunal de falências do distrito de Delaware, nos EUA, mostra que a Forever 21 estimou dívidas entre US$ 1 bilhão e US$ 10 bilhões. A empresa acionou o Capítulo 11 da lei americana de falências, que equivale à recuperação judicial no Brasil.
Com isso, a empresa, que é sediada em Los Angeles, continuará a operar enquanto trabalha em um plano para pagar seus credores e fazer uma reestruturação dos seus negócios.
Recentemente, a empresa obteve US$ 275 milhões em financiamento de credores como JPMorgan e Chase & Co., além de US$ 75 millhões em capital novo de fundos liderados pelo TPG Sixth Street Partners.
“O financiamento de JPMorgan e TPG Sixth Street Partners vai suprir a Forever 21 com o capital necessário para empreender mudanças críticas nos Estados Unidos e no exterior para revitalizar nossa marca e impulsionar nosso crescimento, permitindo que possamos honrar nossas obrigações com clientes, fornecedores e empregados”, afirmou Linda Chang, vice-presidente executiva da Forever 21 em comunicado.PUBLICIDADE
A Forever 21 se tornou uma das lojas favoritas das adolescentes nos anos 2.000 nos Estados Unidos, ao oferecer roupas similares às de grandes marcas de moda a preços acessíveis. Mas as sacolas de compra amarelas da rede passaram a ser raridade nas ruas quando consumidores da Geração Z – nascidos a partir de 1998 – migraram rapidamente para o comércio eletrônico e marcas de streetwear nos últimos anos.
Competindo com empresas como H&M e Zara, a rede iniciou uma expansão agressiva no setor de roupa masculina e calçados após a crise econômica de 2008.  Analistas, no entanto, consideram que a Forever 21 falhou no momento de reagir ao avanço das vendas on-line, assim como ao impacto da mudança de atitude dos consumidores pelo impacto no meio ambiente das redes ‘fast fashion’ e sua preocupação com as condições de trabalho nas fábricas que elaboram seus produtos.
Em 2017, o faturamento da rede foi de cerca de US$ 3,4 bilhões (cerca de R$ 14,15 bilhões) e emprega mais de 30 mil trabalhadores, de acordo com os dados mais recentes coletados pela revista Forbes.

Varejistas em dificuldades

O pedido de recuperação judicial da Forever 21 acrescenta mais uma grande empresa na lista de companhias do setor de moda em dificuldade,  que sucumbiram aos altos custos de aluguel e à forte concorrência do comércio eletrônico. O setor de varejo está em crise nos Estados Unidos. Só no primeiro semestre, foram fechadas mais de 7 mil lojas, mais do que em todo o ano passado.
Só as falências de redes como Payless, Gymboree e Charlotte Russe levaram ao fechamento de cerca de 3.700 lojas.

O Globo




BORGES NETO LUCENA INFORMA

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