''Nenhuma vacina é 100% eficaz'', diz professor da UFPB após relatos de pessoas vacinadas contra a covid-19 morrendo com a doença

 

Cerca de cinco meses após o início da vacinação contra a covid-19 no Brasil começam a aparecer casos de pessoas que, mesmo tendo tomado as duas doses da vacina, tiveram formas graves da doença e algumas chegaram a morrer. O médico Ronald Farias, por exemplo, revelou ao ClickPB que já ouviu relatos de várias pessoas vacinadas e internadas com formas graves da doença, além de uma morte.

O ClickPB conversou com o professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Ricardo Azevedo, que é Doutor em Medicina e Mestre em Saúde Pública, que explicou que esses casos são raros, mas possíveis, e isso não significa necessariamente que a vacina não funcione. ''Nenhuma vacina é 100% eficaz'', afirmou.

Ele disse que cada vacina tem um nível de eficácia, algumas mais do que outras, mas nenhuma delas pode garantir em 100% que não ocorrerão eventos graves, como a morte. ''A vacina reduz a possibilidade de contrair a doença, e de ter formas graves da doença''. Mas reduzir não é a mesma coisa que zerar, por isso o pesquisador ressaltou que os cuidados como uso de máscara e manutenção do distanciamento precisam ser mantidos.

Para Ricardo Azevedo, uma das possibilidades para explicar o que está acontecendo é que todas as vacinas foram testadas em uma amostra pequena de pessoas. ''Fazendo testes em um grupo de 10 mil pessoas, por exemplo, estatisticamente a chance de ocorrer um evento grave, como a morte, é muito menor do que quando se vacina em massa, milhões de pessoas, como está ocorrendo agora'', argumentou.

O estado de saúde das pessoas também poderia interferir nesses resultados. ''Geralmente esses testes são feitos com pessoas mais jovens e saudáveis. Uma pessoa debilitada não vai participar de um teste desses'', destacou.

Um exemplo é o sambista Nelson Sargento, que morreu nessa quinta-feira (27), aos 96 anos, após ser diagnosticado com covid-19, mesmo estado vacinado. Além da idade avançada, ele também teve câncer de próstata há alguns anos, o que pode ter complicado a situação.

Além disso, o nível de cuidado dos participantes também é um fator a ser levado em consideração. ''A Coronavac, por exemplo, foi testada em médicos, que são pessoas que sabem se cuidar, usar as máscaras corretamente. Mas a pessoa vacinada pode não usar máscara e estar exposta a uma carga viral muito alta'', ponderou.

O pesquisador, porém, tranquilizou a população no sentido de que as vacinas funcionam, mas é importante que elas sejam associadas aos cuidados para não contrair a doença.

Outras possibilidades

Uma situação que também foi apontada por Ricardo Azevedo é que em muitos casos a pessoa pode ser vacinada já estando com o vírus no organismo, porém assintomática. Nesses casos, a doença acaba se manifestando alguns dias após a aplicação da vacina, mas o vírus já estava lá.

Outra questão é o tempo de resposta do organismo. Geralmente é necessário esperar cerca de 28 dias após a segunda dose da vacina para que a eficácia prometida seja atingida, então se a pessoa se expõe ao vírus antes disso pode não estar tão protegida. ''Como a circulação do vírus está muito alta, a pessoa acaba tendo muita chance de contrair a doença antes disso'', disse Ricardo Azevedo.

Ele destacou que há estudos que apontam que as vacinas da Astrazeneca e da Pfizer têm uma eficácia boa já a partir da primeira dose, um índice um pouco maior do que 80%. De qualquer forma, demora algumas semanas para essa proteção seja atingida e ela não é total.

CLICKPB


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