Saiba como agia o ‘Don Juan’ do crime, preso por dar golpes em mulheres em pelo menos quatro estados

 

Bom papo, boa aparência, lábia e muito poder de persuasão. Assim é descrito David Alves Bezerra, de 30 anos, preso pela Polícia Civil de Goiás na última segunda-feira. Conhecido como “Don Juan”, ele é acusado de dar golpes em mais de 90 mulheres em pelo menos quatro estados do Brasil — além de Goiás, Roraima, Mato Grosso e Ceará — e no Distrito Federal. Ele se aproximava das vítimas, que conhecia na internet ou em aplicativos, e as usava para enganar pessoas que faziam parte de seu círculo social.

— Ele chegava na cidade e estabelecia uma relação de confiança, muitas vezes amorosa, com alguém. E utilizava essa pessoa para conhecer outras. Pouquíssimas pessoas tiveram contato direto com ele. Quem teve diz que é uma pessoa de poder de persuasão gigantesco, cita a beleza e muita lábia — disse o delegado Leonilson Pereira.

De acordo com as investigações, David usava os apelidos “Berlim” e “Alemão” — o nome de batismo era raramente falado por ele. O homem fingia ser auditor da Receita Federal, às vezes até aparecendo uniformizado para dar mais veracidade à farsa, e dizia ter acesso a bens apreendidos que iriam a leilão. Ele, então, afirmava que tinha como vender produtos importados e aparelhos eletrônicos com preço bem abaixo do original.

— E muitas vezes ele nem aparecia. Pedia para a vítima oferecer os produtos a pessoas conhecidas dela e dar o contato dele de WhatsApp. E as pessoas não desconfiavam do golpe porque estavam recebendo a recomendação (sobre David) por um amigo, alguém próximo — contou Leonilson Pereira.

Para não deixar qualquer rastro, o “Don Juan” inventava para as vítimas que estava com a conta bancária bloqueada e pedia que os depósitos fossem feitos em contas de terceiros, geralmente da mulher de quem se aproximara inicialmente. E, depois, recebia em dinheiro o valor, informou o delegado:

— A pessoa repassava a quantia integralmente.

Mais de 70 golpes em Roraima

De acordo com o delegado, David não esperava nem seu golpe ser descoberto. Ele logo deixava a cidade onde estava. E as vítimas só percebiam que haviam sido enganadas quando os bens que haviam comprado — na maioria computadores, notebooks, celulares e perfumes importados — não chegavam. A polícia ainda não sabe que meio de transporte utilizava

A polícia diz ter tido acesso a imagens que demonstram que David usava o dinheiro dos golpes para manter uma vida de luxo. Ele exibia suas viagens, carros de luxo e aparecia com grandes quantidades de dinheiro, com o objetivo de menosprezar a polícia, afirmam os investigadores.

O golpista está preso desde junho no Ceará, onde agiu por último. Em Goiás, ele esteve entre dezembro de 2020 e fevereiro último. Fez sete vítimas no estado, foi autuado por estelionato continuado por sete vezes e teve a prisão preventiva decretada. Mas Leonilson Pereira acredita que esse número possa ser ainda maior.

— Muitas pessoas não procuram a delegacia até mesmo por vergonha — disse o policial, que pede que quem tenha sido vítima de David entre em contato com o Grupo de Repressão a Crimes Patrimoniais (Gepatri) pelo telefone (61) 99449-4562.

Roraima foi o estado onde David fez a maior parte de suas vítimas: mais de 70, informaram as autoridades policiais do estado quando ele foi preso, em fevereiro de 2017. Lá, além de fiscal da Receita Federal, o golpista se apresentava como servidor da Secretaria de Fazenda, integrante da Justiça Itinerante, policial civil e agente penitenciário.

A Polícia Civil calculou, na época, que David havia lucrado mais de R$ 80 mil com golpes que havia começado a aplicar em Roraima em 2015.

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