Conheça como surgiu a Romaria da Penha em João Pessoa e a história da santa

A Romaria da Penha é realizada sempre no último domingo de novembro. Ela sai da igreja de Lourdes, no Centro da Capital, porque essa igreja era a matriz da Paróquia da qual o Santuário da Penha fazia parte. Hoje, o Santuário pertence à Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, no Cabo Branco, que tem como pároco o Pe. Luiz Antônio de Oliveira.
O andor – a peça de madeira que carrega a imagem de Nossa Senhora durante a Romaria – está há meio século aos cuidados do mesmo homem: o comerciante Francisco Soares da Rocha, de 67 anos.
Ele conta que resolveu se responsabilizar pelo objeto ainda nos primeiros anos de sua participação: “Tudo começou quando eu estava sofrendo de uma febre e não tinha outra coisa a fazer a não ser pedir a ajuda da Santa. Eu morava em uma colônia de pescadores e decidi acompanhar a romaria e foi quando eu consegui me recuperar”, afirma.
“No início era só umas 30 pessoas, as ruas não tinham calçamento, a Universidade Federal da Paraíba nem existia. Mesmo assim a gente participava e a romaria foi aumentando. Logo percebi que o andor era pequeno demais, porque muitas pessoas fazem promessas e querem botar os pedidos nas flores que acompanham a imagem”, explica Francisco.
Ele contou que não aprendeu com ninguém como fazer o andor. “Foi pela graça de Deus”, resume. Feita de madeira maciça, o andor dura muitos anos; por isso, após a fabricação, Francisco fica responsável por envernizar, decorar e dispor as flores que vão junto com à Santa todos os anos. “Esse ano é mais branco e amarelo, representando a paz e a visita do Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude no Brasil”, explica.
Nossa Senhora da Penha de França ou Nossa Senhora da Penha é um dos nomes que recebe Maria, mãe de Jesus, que acreditam os católicos, apareceu à Simão Vela no norte da Espanha, numa serra chamada Penha de França. Lá, sua festa é comemorada no dia 8 de abril, em São Paulo ocorre a cada 8 de setembro, e em Resende Costa, onde é padroeira , comemora-se no dia 1° de setembro.
História
Existia no norte da Espanha uma serra muito alta e íngreme chamada Penha de França, na província de Salamanca, na qual o Rei Carlos Magno teria lutado contra os mouros.
Por volta de 1434, segundo algumas fontes históricas no dia 19 de maio, certo monge francês sonhou com uma imagem de Nossa Senhora que estava enterrada no topo de escarpada montanha,em razão de uma guerra entre franceses e muçulmanos, na qual os católicos escondiam suas imagens para não serem destruídas, cercada de luz e acenando para que ele fosse procurá-la. Simão Vela, assim se chamava o monge, durante cinco anos andou procurando a mencionada serra, até que um dia teve indicação de sua localização e para lá se dirigiu. Após três dias de intensa caminhada, pela razão de segundo ele próprio, em seus êxtases ouvir sempre a advertência divina: "Simão, vela e não durma!" (pelo que passou a adotar o sobrenome de Vela, como ficou conhecido), escalando penhas íngremes, o monge parou para descansar, quando viu sentada perto dele uma formosa senhora com o filho ao colo que lhe indicou o lugar onde encontraria o que procurava. Auxiliado por alguns pastores da região, conseguiu achar a imagem que avistara em sonho.
Construiu Simão Vela uma tosca ermida nesse local, que logo se tornou célebre pelo grande número de milagres alcançados por intermédio da Senhora da Penha, e mais tarde ali foi construído um dos mais ricos e grandiosos santuários da cristantade.
Iconografia da imagem

Milagres
A imagem comum do título é a do viajante a cavalo, atacado por uma cobra e salvo por um jacaré (versão brasileira do lagarto). No alto vê-se Nossa Senhora da Penha com o Menino Jesus no braço esquerdo e a mão direita estendida segurando às vezes um cetro. Esta representação da Virgem Maria é geralmente em pinturas, pois as esculturas mostram somente Maria com o Menino ao colo.
Um tempo após a famosa batalha de Alcácer-Quibir, uma peste assolou Portugal e como a Espanha se livrara do flagelo graças à intervenção de Nossa Senhora da Penha de França, o Senado da Câmara de Lisboa prometeu à Mãe de Deus construir um grandioso templo, se ela livrasse a cidade da moléstia. Extingui-se a epidemia quase subitamente, a Câmara mandou edificar magnífico santuário naquele local.
Este templo passou a atrair milhares de peregrinos e em certa ocasião um devoto, tendo subido ao alto da penedia vencido pelo cansaço adormeceu. Uma grande cobra aproximou-se para picá-lo quando um enorme lagarto saltou sobre ele despertando-o a tempo de matar a serpente com o seu bastão. Essa é a razão pela qual a imagem de Nossa Senhora da Penha tem aos pés um peregrino, a cobra e o lagarto.
Começo da veneração da Santa no Brasil
No Brasil, a devoção veio trazida pelos portugueses, nossos colonizadores. A primeira ermida em sua honra foi erguida em Vila Velha, na antiga Capitania do Espírito Santo, entre 1558 e 1570 pelo Frei Pedro Palácios, um espanhol fervoroso devoto da santa. Depois foi erguida a da Penha do Irajá (1635).
Na cidade de São Paulo, em 1667, foi erguida uma pequena capela em devoção a Nossa Senhora da Penha de França e, em seu entorno, desenvolveu-se um dos bairros mais antigos, populosos e tradicionais da capital paulistana: a Penha de França, que, atualmente, abriga a antiga igreja matriz (na região conhecida por "igreja velha") e a basílica (conhecida por "igreja nova"), cuja pedra fundamental foi lançada em 1957. Ambos os templos são dedicados a Nossa Senhora da Penha de França e sua data festiva é celebrada a cada dia 8 de setembro.
Devoção a Nossa Senhora da Penha em Resende Costa/MG: Segundo moradores e fiéis, por volta de 1830, talvez alguns anos a mais ou a menos, o então padre residente em Resende Costa, na época Curato, Pe. Antônio de Pádua, após cumprir suas obrigações religiosas, se dirigia para o casarão da chácara Dr. Gervásio e se colocava a esculpir a imagem da então padroeira de Resende Costa, Nossa Senhora da Penha de França. Logo no início do trabalho, o padre escultor plantou algumas palmeiras na estrada da chácara, de um lado e outro. No final do trabalho, tendo a imagem esculpida, a comunidade se colocou em procissão, no dia 1° de setembro (motivo pelo qual Resende Costa dedica esse dia a Nossa Senhora da Penha de França e não o dia 8 de abril, como é próprio da liturgia católica), com a imagem nos ombros, em direção à Igreja Matriz Nossa Senhora da Penha de França, onde passou ocupar o local mais alto do altar-mor, que ocupa até os dias atuais.

Paraiba.com.br

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