Com recuperação lenta, Brasil deve criar em 2018 menos da metade dos empregos previstos


o final de 2017, o vendedor técnico Klinger e a analista de riscos Beatriz acreditavam que, no ano seguinte, o mercado de trabalho iria melhorar e eles conseguiriam ter de novo um emprego. Metade de 2018 já passou e, até agora, isso não aconteceu. Com a frustração das expectativas para a economia e o desemprego ainda elevado, a desaceleração do ritmo de contratações tem levado economistas a revisarem para baixo o número de vagas com carteira assinada previstas para este ano.
A estimativa inicial era de até 1 milhão de novos postos de trabalho em 2018. Nas novas projeções de cinco consultorias ouvidas pelo G1, o número foi cortado para menos da metade, e agora está na faixa entre 350 mil e 452 mil.
Com as sucessivas revisões para baixo do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018 e após os números decepecionantes de maio e junho, os economistas passaram a prever uma quantidade menor de vagas criadas no mercado formal.
A maior redução foi da Tendências Consultoria, que mudou sua projeção inicial de 1 milhão de vagas formais para a estimativa atual de 350 mil – 65% a menos.
O economista Thiago Xavier explica que a mudança das expectativas para o mercado de trabalho segue a piora das projeções para a economia como um todo – que mudaram depois do desempenho mais fraco que o esperado no começo do ano, além do cenário externo mais conturbado e das incertezas envolvendo as eleições presidenciais.
O próprio governo federal reduziu recentemente sua previsão de crescimento do PIB neste ano de 2,5% para 1,6%. Até maio, estava em 2,97%.
Em junho, a economia brasileira fechou 661 vagas formais, segundo números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. Foi o primeiro resultado negativo para um mês de 2018. Mas a criação de vagas já vinha desacelerando. Em maio, foram criadas 37.889 vagas, uma redução na comparação com as 124.911 em abril.
"O dado do Caged de junho foi bastante decepcionante, e reflete de certa forma a perda de confiança dos empresários na economia", diz Luiz Fernando Castelli, da GO Associados.
Agencia Brasil