Garis são impedidos de almoçar em restaurante 'para não constranger clientes'; dona nega preconceito

Um restaurante de Brasília (DF) não teria permitido que dois garis e uma fiscal almoçassem no estabelecimento, nesta terça-feira (18), porque "poderiam constranger os demais clientes". O caso foi denunciado nas redes sociais por Fatima Dias, que trabalha como fiscal do Serviço de Limpeza Urbano (SLU), e fez uma postagem no Facebook para expor o preconceito que teria sofrido no Restaurante e Bar Brasil, localizado na Asa Sul, junto com os dois companheiros de trabalho.
Em um relato na internet, a fiscal Fatima Dias conta que esteve no lugar para comprar três marmitas quando perguntou se poderiam se sentar para comer. Uma das funcionárias disse que não e afirmou que a presença deles não pegaria bem para os demais clientes.
"Eu fui com dois garis compra marmita nesse restaurante. Quando uma funcionária olhou, eles perguntaram se poderiam almoçar no local. A funcionária disse que não poderiam sentar lá porque iríamos constranger os clientes que fosse almoçar lá", escreveu na rede social.


A postagem viralizou nas redes sociais. Em um dos comentários, Fatima é orientada a procurar a Justiça e afirmou que já se prepara para entrar com uma ação por discriminação contra o estabelecimento.
"Já vou entrar com ação por discriminação. Eu trabalho com a quebra de preconceito. Só porque ela viu que os garis estavam uniformizados. Eles acham que os garis são burros e não entendem de nada. Isso é discriminação total", escreveu.
Um rapaz comentou que já almoçou diversas vezes nesse restaurante e que ele pertence a uma família de mulheres. Fatima, então, explicou que não estava inventando uma história e que ela entendeu muito bem o constrangimento que passaram.
"Elas acham que estou de conversa fiada. Eu entendi muito bem o que a moça falou para mim. Eu tenho juízo e responsabilidade, amigo. Jamais iria inventar uma coisa dessa", afirmou a fiscal, que agradeceu o apoio que estão recebendo. "Obrigada a todos pelos apoio. Podem acreditar que não estou inventando isso. O fato aconteceu mesmo, baseado em que eu iria inventar uma história dessas?".
Empresária nega preconceito
Em entrevista ao EXTRA, Vania Costa, dona do Restaurante Brasil deu outra versão para o incidente. Segundo ela, os três funcionários do serviço de limpeza chegaram por volta das 10h40 no local, que ainda estava fechado, e perguntou se três marmitas poderiam ser feitas. A funcionária teria dito que ia ver se poderiam adiantar (as quentinhas são vendidas a partir das 11h) e retornou com a comida.
Conforme a empresária, Fatima teria perguntado se poderiam se sentar e comer ali, e a funcionária respondeu que as marmitas só eram vendidas na promoção e só feitas para viagem.
— Eu conheço minha funcionária. Ela explicou que era uma promoção feita só para comprar ali e levar, mas a mulher reagiu de outra forma, disse que não queríamos deixar eles sentarem ali porque eram garis. Não foi por causa disso. O restaurante nem estava aberto e as marmitas foram feitas para pessoas levarem para casa. Quando vi a confusão, eu perguntei o que estava acontecendo. Eu fui lá e disse que ela poderia sentar e comer, mas ela não quis. Só fiquei sabendo de toda essa repercussão hoje — disse a empresária, por telefone.
Vania afirmou que é dona do restaurante há 15 anos e que nunca teve qualquer tipo de problema. Ela afirmou que ao saber de uma possível ameaça da fiscal pelas redes sociais, ela fez um registro de ocorrência na Delegacia de Polícia da ASA SUL.
— Não tenho redes sociais, mas me mostram coisas que ela escreveu. Fomos na delegacia e fizemos um boletim por ameaça. Isso foi muito injusto. Não houve discriminação. A intenção foi das melhores possíveis, atendemos eles mesmo fechados para ajudá-los, e aí acontece tudo isso — afirmou Vania.
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BORGES NETO LUCENA INFORMA