Alemanha recomenda 3ª dose para todos os adultos em meio a 4ª onda de Covid


O comitê consultivo de vacinas da Alemanha, conhecido como Stiko, recomendou nesta quinta-feira (18) a terceira dose da vacina contra a Covid-19 para todas as pessoas com mais de 18 anos.

A medida responde à nova onda da pandemia no país, que assistiu ao número de novos casos da doença bater recorde nesta quarta (17). A primeira-ministra Angela Merkel descreveu a situação como "dramática".

As doses de reforço devem ser administradas com uma vacina de RNA mensageiro (mRNA), como são as da Pfizer e da Moderna, e somente seis meses após ter sido tomada a segunda dose, detalhou o comitê. Ainda segundo o colegiado, uma redução do intervalo para cinco meses pode ser considerada em casos individuais.

Também nesta quinta, o Bundestag (Câmara dos Deputados alemã) deve votar novas propostas de medidas restritivas para conter o avanço do coronavírus. Entre as restrições, estão a obrigação de comprovante de vacinação ou teste negativo para acessar o transporte público e os postos de trabalho.

O país ultrapassou a marca de 60 mil novos casos diários pela primeira vez desde o início da pandemia. O número, já preocupante, é considerado subnotificado por especialistas. Lothar Wieler, chefe do Instituto Robert Koch, voltado para o controle de doenças no país, afirmou que a situação da pandemia nunca foi tão séria como agora e que o número real de casos deve ser o dobro ou mesmo o triplo do que é registrado oficialmente, segundo informações da emissora alemã Deutsche Welle.

Pouco mais de 67% da população do país está com esquema vacinal completo, e, desde o início da crise sanitária, 98,5 mil mortes por Covid foram registradas.

Com a menor taxa de vacinação e o maior índice de infecção do país, a Saxônia, no leste da Alemanha, está considerando impor um lockdown parcial, com proibição de espetáculos de teatro, shows, bares e festas, além de impedir público em jogos de futebol, publicou o jornal Bild nesta quinta-feira.

Reduto do partido da extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), manifestantes antivacina protestaram na Saxônia contra os lockdowns. Uma pesquisa do Instituto Forsa apontou que metade dos não vacinados votou na AfD nas últimas eleições federais.

"A coalizão [do governo] está pronta para impor uma clara e dura quebra de onda [de novos casos de Covid]", disse Michael Kretschmer, chefe do governo da região, ao parlamento nacional, de acordo com o Bild. Os detalhes das novas restrições serão acertados esta semana, disse.

A atual onda de Covid-19 na Europa chega em um momento difícil na Alemanha, com a primeira-ministra Angela Merkel atuando como interina enquanto três outros partidos negociam para formar um novo governo após a eleição de setembro.

Parcela dos conservadores próximos de Merkel pressiona para que o governo federal tome medidas mais duras, como a extensão do estado de emergência, que permite que o governo feche escolas e faça lockdowns sem consultar o parlamento.

Em Freising, na Baviera, no sudeste do país, um hospital transferiu um paciente com Covid-19 para outra instituição no norte da Itália por falta de leitos, medida inédita na Alemanha desde o início da pandemia – nos 18 meses de crise da doença, os hospitais alemães foram regularmente solicitados a cuidar de pacientes de países europeus sobrecarregados.

"Na semana passada tivemos que transferir um paciente para Merano [Itália] porque não tínhamos capacidade e os hospitais da Baviera ao redor também estavam lotados", disse Thomas Marx, diretor do hospital de Freising, cidade de 50.000 habitantes. "Estamos no limite de nossas capacidades."

Com uma taxa de incidência de 550 infecções por 100.000 habitantes em sete dias, a Baviera é uma das regiões mais afetadas por essa onda da doença.

Áustria estuda ampliar lockdown com avanço da doença A possibilidade de novas restrições na Alemanha vem na mesma semana que a Áustria impôs um lockdown para os não vacinados, que poderão sair de casa apenas para atividades essenciais. Com 971,5 casos por 100 mil habitantes nos últimos sete dias, o país tem uma das taxas de infecções mais altas do continente.

Entre as regiões mais atingidas do país estão justamente as províncias que fazem fronteira com a Alemanha, como a Alta Áustria, reduto do ultra-direitista Partido da Liberdade, e Salzburgo.

"Se nenhum lockdown nacional for decretado amanhã, definitivamente terá que haver um lockdown de várias semanas na Alta Áustria junto com nossa província vizinha de Salzburgo a partir da próxima semana", disse Thomas Stelzer, governador conservador da Alta Áustria. "Temos muito, muito pouco espaço de manobra [com leitos de unidade de terapia intensiva]", disse ao parlamento local.

O governo de Salzburgo, também liderado por conservadores, afirmou nesta semana que está se preparando para um cenário de falta de leitos de UTI disponíveis e confirmou que planeja um lockdown em conjunto com a província vizinha.

Os governadores da Áustria farão uma reunião na sexta-feira (19) com o premiê, o conservador Alexander Schallenberg, e com o ministro da Saúde, Wolfgang Mueckstein, para discutir um lockdown nacional.

As infecções diárias nesta quinta-feira atingiram um novo recorde, com 15.145 casos. Na onda de infecções mais grave antes da atual, o pico havia sido de 9.586 infecções.

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